Com vocês, um texto em primeira pessoa da triste vida de um cigarro...
Estava eu no limiar da validade, quando aproximou-se do caixa um grupo de pessoas; duas delas, porém, pareciam cobiçar-me de maneira singular: um homem, já idoso, e um jovem. Senti que iria tomar novos ares, estava ansioso por saber se percorreria os tão galgados caminhos de um colapsado pulmão, ou as vívidas vias de um corpo jovem; no auge de meus devaneios, vem o mais velho e pede:
-Veja lá um mentolado!
Meu destino estava selado.
Ao sair dali, minha vida tornou-se dinâmica; meu portador, um homem culto por sinal, apresentou-me a jornais, revistas, pontos turísticos, pessoas e muitos outros elementos sociais. Depois de ciceroneado, senti que era chegada a hora de ser consumido; fui retirado de meu repouso, e, a caminho do isqueiro, vi-me em um ambiente estranho, hostil, as pessoas me olhavam feio, e na parede, uma surpresa: placas proibiam, e taxavam como criminosa minha presença! Pensei ter visto algo em meus passeios, acerca da proibição de meu uso em certos ambientes, mas pensava ser algo distante. Agora é diferente, aquelas placas imputaram o peso de criminoso em minhas costas.
O dono de meu destino não se ligou a fatores externos, levou-me à combustão, e, num gesto rápido -A TRAGADA- senti-me pleno, a sensação de ir do material ao etérico tomou-me por um instante! Mas à retomada de consciência, vi que havia um custo àquilo tudo; a saúde do pobre homem. O resultado das ações de meus antecessores causava asco; as entranhas dilaceradas, escurecidas; e pensar que eu tomava parte naquilo tudo, uma lástima!
Sem controle algum, eu prosseguia em minha missão a contragosto, ainda entrava no corpo de inúmeras pessoas causando-lhes mal! Se soubesse que seria assim, preferiria um final Sheakpeariano: minha morte no lugar da dos que me "amam"; e o problema estaria resolvido.
Espero que tenham gostado ;D
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E a frase de hoje...
"Cigarro, você acende, ele te apaga."
comunidade do orkut
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