domingo, 25 de outubro de 2009

Vida de Cigarro


    Resolvi seguir os conselhos de alguns amigos e conhecidos, e postar textos de minha autoria com maior aciduidade. Portanto hoje, venho com uma produção baseada na recente lei da proibição do uso de cigarros e afins em ambientes fechados, a qual já vigora em alguns estados.
    Com vocês, um texto em primeira pessoa da triste vida de um cigarro...


    Estava eu no limiar da validade, quando aproximou-se do caixa um grupo de pessoas; duas delas, porém, pareciam cobiçar-me de maneira singular: um homem, já idoso, e um jovem. Senti que iria tomar novos ares, estava ansioso por saber se percorreria os tão galgados caminhos de um colapsado pulmão, ou as vívidas vias de um corpo jovem; no auge de meus devaneios, vem o mais velho e pede:
    -Veja lá um mentolado!
    Meu destino estava selado.

    Ao sair dali, minha vida tornou-se dinâmica; meu portador, um homem culto por sinal, apresentou-me a jornais, revistas, pontos turísticos, pessoas e muitos outros elementos sociais. Depois de ciceroneado, senti que era chegada a hora de ser consumido; fui retirado de meu repouso, e, a caminho do isqueiro, vi-me em um ambiente estranho, hostil, as pessoas me olhavam feio, e na parede, uma surpresa: placas proibiam, e taxavam como criminosa minha presença! Pensei ter visto algo em meus passeios, acerca da proibição de meu uso em certos ambientes, mas pensava ser algo distante. Agora é diferente, aquelas placas imputaram o peso de criminoso em minhas costas.
 
    O dono de meu destino não se ligou a fatores externos, levou-me à combustão, e, num gesto rápido -A TRAGADA- senti-me pleno, a sensação de ir do material ao etérico tomou-me por um instante! Mas à retomada de consciência, vi que havia um custo àquilo tudo; a saúde do pobre homem. O resultado das ações de meus antecessores causava asco; as entranhas dilaceradas, escurecidas; e pensar que eu tomava parte naquilo tudo, uma lástima!

    Sem controle algum, eu prosseguia em minha missão a contragosto, ainda entrava no corpo de inúmeras pessoas causando-lhes mal! Se soubesse que seria assim, preferiria um final Sheakpeariano: minha morte no lugar da dos que me "amam"; e o problema estaria resolvido.



Espero que tenham gostado ;D

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E a frase de hoje...

"Cigarro, você acende, ele te apaga."
                          comunidade do orkut

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