Dae pessoal; nessa semana eu respondia a um email do grupo de emails da minha sala quando me veio uma sacada do nada.
O email falava sobre vegetarianismo; bom, para não entrar nos detalhes da discussão lá tida, digo que enquanto digitava o meu pitaco sobre o tema, percebi que a maioria das coisas que hoje são a regra e que todo mundo faz já foram a exceção da exceção. Muitos atos hoje corriqueiros, não muito tempo atrás faziam até aquele que os praticava ser visto com maus olhos por todos.
Obviamente muitos podem me chamar de viajão, uma vez que muitos dos aspectos englobados pelo pensamento que tive, senão todos, referem-se a invenções, coisas que não existiam e por isso são não regra desde sempre. Quando me toquei disso cheguei a pensar que minha sacada não havia sido tão grandiosa quanto parecia; depois de pensar mais um pouco percebi meu feliz engano.
Vejam, o fato de algo como o facebook, por exemplo, surgir do nada e "abocanhar" grande parte dos internautas do mundo a ponto de muitos acharem que sua vida estaria muito pior sem ele, traz uma ideia importante que todos deveríamos ter em mente: "MOVIMENTO" (calma, eu explico :-)
Imaginem um átomo ele está em movimento constante, pode estar em uma molécula que também se move, essa molécula tá no planeta que não pára, o planeta tá no sistema solar que tá na galáxia e esta em um conglomerado de galáxias; todo mundo se mexendo o tempo todo, parar significa morrer; tudo tem de ser parte de um ciclo.
Pensem na tragédia que seria para a humanidade se descobríssemos tudo o que há para descobrir, nós pararíamos, morreríamos. Há a necessidade de um mistério para que o homem tenha um ponto desconhecido no horizonte para o qual rumar. Vejam esse poema de Drummond:
“O homem; as viagens”
Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto – é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a col-onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
Percebam que a busca só continua enquanto houverem fronteiras a serem rompidas, o universo sempre as terá e a busca sempre continuará. Atualmente as fronteiras têm rompido-se com rapidez, que velharia é um "pesado" disquete perto de um cartão de memória com 32Gb menores que a unha de um dedo mindinho.
Por isso pense bem antes de gastar a vida buscando coisas que pouco valerão logo logo; a exceção de hoje é a regra de amanhã e não tardará a tornar-se exceção novamente com o aspecto minguado do império que decai após sua era de ouro.
Se tiver de escolher entre comprar um tênis ultra mega power plus e fazer um curso de alguma coisa, escolha o curso; pudesse eu dar um conselho, seria esse: privilegie as coisas duradouras. Você está fadado a carregar todo o conhecimento que adquiriu sempre; o conhecimento não ocupa lugar, é uma árvore a qual, uma vez dando frutos, não mais pára, é o símbolo do movimento.
Assim como no poema gostaria de ressaltar que o conhecimento mais importante parece ser o de si mesmo, descobrir os erros, defeitos, tentar corrigí-los; vejam como temos terreno para explorar, colonizar, humanizar, civilizar. Existem tantos planetas diferentes dentro de nós quanto no espaço; a humanidade, parece, descobrirá isso quando tiver feito o caminho mais comprido, quererá descobrir o espaço primeiro.
Quem investe em coisas "vivas", coisas que se expandirão (xD), tem a chance de ficar acima das regras e exceções impostas pela sociedade; eis onde eu queria chegar.
Até mais!
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obs.
Me veio à mente a parábola dos talentos, que cai como uma luva no caso; não enterre seu talento!:
*talento, se não me engano, era uma medida de peso nos tempos bíblicos, acredito que usada para ouro nesse caso. (coincidência (boa) que talento em português significa talento rsrs)
( Evangelho de Mateus cap. 25 vers. 14-29 )
14- Pois será como um homem que, ausentando-se do país,
chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15- A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro ,um a
cada um segundo a sua própria capacidade; e, então,
partiu.
16- O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar
com eles e ganhou outros cinco.
17- do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18- Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu
o dinheiro do seu senhor.
19- Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e
ajustou contas com eles,
20- Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou
outros cinco, dizendo : Senhor , confiaste-me cinco talentos ;
eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no
pouco , sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor .
22- E, aproximando-se também o que recebera dois talentos ; disse :
Senhor, dois talentos me confiaste ; aqui tens outros dois que
Ganhei .
23- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no
pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
24- Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse : Senhor ,
sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e
ajuntas onde não espalhaste,
25-receoso, escondi na terra o teu talento; aqui o que é teu .
26-Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias
que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ?
27- Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros;
e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28- Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.
29- Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao
que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30- E o servo inútil,lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e
ranger de dentes.