quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Efeito Quindim

    Pode até parecer estranho um post com esse nome, como se talvez fosse algo simplista ou cômico; nesse caso posso dizer que é uma metáfora que encontrei para descrever a ideia a qual me veio nesses últimos dias e me vem várias vezes quando vejo um casal se separando, alguém se desfazendo de roupas, de animais de estimação ou mesmo de amigos.

    Trata-se de um aspecto interessante da natureza humana, talvez uma imperfeição que possa ser lapidada ou uma espécie de Janus¹ que guarde um portal no qual se vai a uma nova viagem ou se retorna para o que antes era.

    Este texto trata da incrível habilidade que têm as pessoas para, após elevarem suas vidas a um novo patamar ou mesmo conquistar o que sempre sonharam, quedarem-se infelizes e frustradas, com a sensação de que merecem ou desejam mais; como um quindim que é muito bom, dois quindins que são melhores ainda, três quindins que até passam e quatro quindins, quando o mesmo doce que causara deleite torna-se enjoativo.

    A metáfora pode não ter sido a melhor, mas passa um pouco a essência do que quero dizer; para melhor ilustrar convido agora o leitor a uma viagem.

    O ponto de partida é um pobre vilarejo localizado na República Democrática do Congo, antigo Zaire; este país encravado no coração do continente africano, no exato lugar onde um punhal é fincado na abertura do desenho Tarzan. (:
    Nesse vilarejo uma pequena família luta pela sobrevivência, crianças que já nasceram soropositivas correm pela mata em busca de água e alimento para levarem à clareira onde atualmente suas famílias estão acampadas, não se sabe até quando. O objetivo maior da família é obter um teto seguro e a certeza de que se alimentarão no dia seguinte.

    Agora, seguindo na viagem vamos a um país islâmico do oriente médio no qual ocorrem protestos e grandes embates por um governo democrático, estamos em plena primavera árabe² e um jovem com ideias revolucionárias prepara-se para sua próxima ação na esperança de algum dia a ditadura que assola seu país seja subvertida em um estado democrático de direito. Este é o seu sonho, a libertação de seu povo.

    Esta viagem vai seguindo com inúmeras escalas, talvez conte sobre um operário chinês e suas quinze horas de trabalho diárias, um soldado, um vendedor, um empresário; em suma, todos temos nossas metas e a firme ilusão de que no momento em que as alcançarmos teremos algum tipo de satisfação inédita.
    Talvez a viagem termine em algum país nórdico com um cidadão tornando-se um número a mais nas altas taxas de suicídios destes países por não mais ter a que aspirar.

    Claro que o que aqui exponho são exemplos amplos, alguns tipos humanos que permitem a demontração de ideias e princípios desde antes de Gil Vicente³.

    Mesmo aqueles que dizem contentar-se com o que têm sempre desejam uma coisinha ou outra, um avanço, é claro, muitos irão dizer, se não tivermos um objetivo, um horizonte que se renova a cada passo, não teria sentido viver.

    Pois então, após uma passagem pelas aspirações das pessoas até o ápice do IDH, vemos que os objetivos comumente traçados pela humanidade não levam a um final feliz; nesses momentos me vem a famosa frase do Fausto de Goethe "de que adianta o eterno criar, se a criação em nada adiantar?".

    Nos últimos dias tenho lido um ótimo livro indicado e emprestado por um professor, da autoria de Luís Felipe Pondé; o autor diz-se um filósofo trágico na linha de Nietzsche e Schopenhauer e conclui que a felicidade como é vendida e buscada atualmente é uma falácia. Ele prossegue afirmando que todos temos uma gama imensa de defeitos e desejos frutos dos sentidos, porém que mediante uma hipocrisia institucionalizada ocultamos.
    Utiliza-se Freud e muitos outros para dar suporte aos escritos, entre eles uma impressionante gama de pensadores gregos. Mostra que a mitologia reflete dramas psicológicos pertinentes e atuais. O historiador pode prever o futuro, pois o homem tropeça sempre nas mesmas pedras, diria Maquiavel.

    Concordo com ele de que a maioria de nós é escravo dos desejos, defeitos e confusões que se apresentam, que a humanidade vive e viverá ainda em uma condição de eterna insatisfação e consequente infelicidade geradas grande parte pelo que singelamente chemei "efeito quindim".

    Ao contrário dele, porém, acredito que esse mundo de pessimismo e insatisfação tenha uma saída, ela pode ser quase invisível, mas volta e meia mostra-se; não é de fácil percurso, se o fosse, muitos mais a tomariam; acredito que as religiões em alguma medida estão certas, que montam um mesmo quebra-cabeças porém com as peças cortadas em formatos diferentes de modo a não se encaixarem.

    Alguns dos mais sábios membros que esta humanidade já teve, após o nível de ser e de saber que suas religiões lhes permitiram ter, conseguiram produzir pérolas das mais valiosas de conhecimento científico cuja existência, poderia opinar, não se daria da mesma forma sem o suporte religioso por trás; um exemplo de retirada do elemento numinoso e, portanto, laicização do conhecimento vem do célebre pensador Hugo Grotius, o qual mostrou um direito que "existiria mesmo se Deus não existisse".

    O caso é que acredito que o eterno criar se justifica, que o mundo é suficiente como pensou Kant e que uma vez descoberto o caminho pela via do esclarecimento (ainda como Kant) é possível segui-lo; é possível mas não obrigatório, tanto que quase ninguém o segue; o caminho à felicidade (não a efêmera tratada por Pondé) é tortuoso, é de longo prazo, condição quase proibitiva a seres imediatistas como nós; além de tudo o caminho deve passar longe dos sentidos físicos, assim como a mitologia muitas vezes desprezada, trata-se de um drama psicológico, pois não é com a construção da torre de babel divulgada pela mídia que chegar-se-á ao paraíso, talvez deva-se erguer uma torre interna que sobrepuje nossos vícios e defeitos.

Quem sabe assim fiquemos satisfeitos com o primeiro quindim.

Até a próxima!


¹ Janus; deus cuja crença remonta à antiga Roma, ele guarda o portão da cidade em possui duas faces, uma voltada para cada lado.


² Primavera Árabe; nome dado à série de revoluções contemplada recentemente no Oriente Médio.


³Gil Vicente; Escritor ibérico da alta idade média na época do trovadorismo, compunha autos representando tipos humanos e focava suas obras na supremacia da virtude.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Olhar para trás

    Estava agora dando uma olhada em posts antigos do blog e percebendo como as coisas mudam com o tempo; ele passa e muitas das coisas sobre as quais você tinha uma opinião formada ou uma certeza, vão por água abaixo.
    
    A cada período sou levado a compreender a máxima "só sei que nada sei" de maneiras diferentes e começo a perceber que o mais sensato seria não afirmar com tanta força, pois momentos depois, mesmo aquele que afirmou não o teria feito.

    Posso dizer que agora me vejo como um pré adolescente o qual pensava muita besteira, virei um adolescente que continuava pensando muita besteira e, apesar de minha cabeça atual tentar me convencer de que hoje mudei e estou em um patamar diferenciado, é possível afirmar que sou um jovem pensador de muitas besteiras baseado no homem adulto e consolidado a caminho.
    
    Chego à conclusão de que uma pessoa a qual ache que seu pensamento é 100% certo e que sempre será assim tem grandes chances de estar errada e sequer perceber isso mesmo quando modificar totalmente sua cabeça anos depois.

    Um bom meio de aprender a ver as coisas de outra maneira é ouvir os mais velhos, a experiência é algo que não pode ser adquirido de uma hora para outra; com o tempo entende-se mais o ser humano, a natureza humana. Percebe-se que mesmo em tempos muito diferentes, com tecnologias diversas nunca vistas, o homem tropeçará sobre as mesmas pedras, cometerá erros idênticos aos cometidos desde a pré história.

    Sempre haverá alguém que perecerá por sua ganância, que comprometerá o resto da existência por um ato impensado ou que trocará família e amigos pelo poder, estes acontecimentos são correntes e fazem com que os apreciemos de forma semelhante na guerra de tróia, em antígona, em dom casmurro ou na novela das 9.

    O "eu" que chega no futuro próximo pode pensar diferente, contudo o "eu" de hoje tenta de alguma forma escapar a estes tropeços os quais pegam a humanidade desprevenida há milênios.

Deixo aqui um poema frequentemente citado por um professor
Até a próxima!
-------------

Antonio Machado - Caminante no hay camino

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
  

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Da primeira vez que me assassinaram..

    Saudações aos meus poucos, mas selecionados, leitores (:

    Após mais um tempo relativamente longo sem postar aqui no blog, faço um post justamente sobre as coisas que me levam cada vez mais a abandonar bons hábitos como o de escrever por aqui e outros.

    O que sinto acontecer a cada dia, vejo que não ocorre somente comigo; meus conhecidos, pessoas que vejo nas ruas, gente que vi quando na pré adolescência e reencontro agora, enfim, parece avançar sobre a pessoa a partir de certa idade uma espécie de mal generalizado.

    A cada dia o trabalho, a faculdade, a vida me cobram uma pequena parcela a mais do tempo. O que não pôde ser feito ontem fica para outro dia junto com a gigante lista de todo o "por fazer". À medida que as obrigações vão ganhando espaço e que aparecem novas, diminui a chance de dispor de um tempo para refletir.

    Sábias palavras embora ditas por um pensador radical:
    "O homem que não reflexiona, não tem tempo de julgar a si mesmo." Barão de Holbach

     Penso no que tenho feito nos últimos tempos e qual a minha surpresa quando percebo que, tivesse eu refletido um pouco mais, faria várias coisas de modo diferente, daria outras prioridades; eis uma palavra-chave: prioridade.
    Eu tinha por hábito pensar que minhas prioridades estavam em lugar muito distante do que descobri estarem; para verificar a maior prioridade no momento me faço uma simples pergunta "quantas horas de meu dia gasto nisso?"
   
    Veja que, se você dorme durante certo tempo, por exemplo, e passa o dia pensando no momento em que for dormir, aí estará a prioridade; se trabalha e estuda no mesmo ramo de modo que seus dias sejam consumidos por funções deste ramo, aí está a prioridade; se acabou de iniciar um relacionamento e pensa nele a todo momento..eis a prioridade.

    Apesar de não me utilizar frequentemente de citações bíblicas, aí vai uma que considero pontual:
   "Onde está teu tesouro, também está teu coração." (Mt 6, 19-21)

    Ocorre que por alguma razão muito incoerente, não raro as prioridades (tesouros) que temos em nossas vidas são praticamente o oposto daquelas que tencionamos ter; volta e meia percebemos que não estamos "querendo a coisa certa".
    Onde quero chegar?

    Quero dizer que pouco a pouco a vida e "o mundo" nos levam a nascer, crescer, trabalhar, se reproduzir e morrer; muitos bons hábitos que um dia tivemos, muitas possibilidades de fazermos algo diferente, realizar descobertas, são eclipsadas pelas exigências do dia a dia. Isso se dá de forma tal que nas horas de "folga" não mais temos força ou motivação para inovar.
    Passam-se alguns momentos de lazer cuja função parece ser, em alguns casos, a de garantir a maior produtividade quando da volta ao trabalho.

    De minha parte posso dizer que cultivava o hábito de escrever poemas diários, correr, escrever com as duas mãos e alguns outros. Volta e meia me vinha um insight inventivo o qual me rendeu várias ideias de invenções que facilitariam a vida das pessoas, volta e meia vinha uma sacada de um post para o blog. Agora as coisas estão mais esporádicas. Após certa reflexão, tento resgatar tudo.
    Parece que a cada dia que um bom hábito deixa de se concretizar, ficamos mais "capengas", mais senhores de uma só arte, desenvolvendo um só aspecto mais importante da vida quando deveríamos buscar sermos completos. O ser humano, e isso já era dito por Platão¹, deveria ser completo, buscar os mais variados conhecimentos.

    Para encerrar e ilustrar este post, coloco aqui alguns versos de Mario Quintana:

"Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou."

    Aconselharia que não deixassem morrer os aspectos de suas vidas que os tornam únicos, ou que cuidassem para que o mundo não os "assassine" nas não raras ocasiões em que tentar fazê-lo.

Até a próxima!


--------------------------------------

¹ Vejam como Platão idealizou a educação



O curso de estudos, para Platão deveria ser de cinco períodos:
1º- dos 3 aos 6 anos:
Prática do pentatlo (Nome colectivo de cinco exercícios que constituíam os jogos da Grécia, em que entravam os atletas: salto, carreira, luta, pugilato e disco. Dança e música para ambos os sexos).

2º- dos 7 aos 13 anos:
Introdução paulatina da cultura intelectual e acentuação dos exercícios físicos. A partir dos 10 anos, aprendizagem da leitura e escrita e cálculo por processos práticos. Afasta-se assim dos costumes atenienses que começavam a educação intelectual antes dos 10anos.

3º- dos 13 aos 16 anos:
Período da educação musical. O programa é dividido em duas secções: uma literária, compreendendo gramática e aritmética; outra musical, compreendendo poesia e música. Ensina-se a tocar a cítara e prefere-se a música dórica, enérgica e viril.

4º- dos 17 aos 20 anos:
Período da educação militar. Os jovens deverão adquirir resistência e uma saúde a toda a prova. Será preciso harmonizar a música à ginástica, faziam-se os homens ferozes. Somente com a música, produzir-se-iam os afeminados.

5º- dos 21 anos em diante:
Apenas os jovens mais capazes devem continuar a educação já com carácter superior e baseada nas Matemáticas e Filosofia. Entre eles, seleccionam-se os futuros governantes, prosseguindo sua educação até os 50 anos.

Essa educação pode ser distribuída da seguinte forma:
· Dos 21 aos 30 anos: estuda-se com profundidade: aritmética, geometria e astronomia.
· Dos 31 aos 35 anos: predomínio da formação filosófica e dialéctica, sem prejuízo dos estudos matemáticos.
· Dos 35 aos 50 anos: O magistrado será incumbido de uma função pública e empregará os seus talentos para a prosperidade do Estado. Ninguém será admitido ao governo, antes dos 50 anos de idade.

    "Na República e nas Leis, para além de desenhar o seu estado ideal, Platão  também define o sistema educacional que o manterá, apresentando assim as suas ideias sobre a educação, o valor da poesia e da música, a utilidade das ciências, da filosofia e do filósofo.
    Platão começa por defender uma sólida formação básica que evolui até elevados estudos filosóficos, considerando que só indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia." Olga Pombo, Universidade de Lisboa

    Inferi ali de cima que "magistrado" significa "graduado". Fora isso gostaria de ressaltar o quanto nosso sistema de ensino é parecido com o idealizado por Platão; coincidência?
    É interessante ressaltar que a própria sigla Ph.D significa Philosophy Doctor, que em sua origem tem a concepção deveras acertada de que, mesmo após estudar certa ciência a fundo, para ser um profissional completo, dever-se-ia estudar filosofia.

     

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Exceção hoje, regra amanhã

    Dae pessoal; nessa semana eu respondia a um email do grupo de emails da minha sala quando me veio uma sacada do nada.
   
    O email falava sobre vegetarianismo; bom, para não entrar nos detalhes da discussão lá tida, digo que enquanto digitava o meu pitaco sobre o tema, percebi que a maioria das coisas que hoje são a regra e que todo mundo faz já foram a exceção da exceção. Muitos atos hoje corriqueiros, não muito tempo atrás faziam até aquele que os praticava ser visto com maus olhos por todos.

    Obviamente muitos podem me chamar de viajão, uma vez que muitos dos aspectos englobados pelo pensamento que tive, senão todos, referem-se a invenções, coisas que não existiam e por isso são não regra desde sempre. Quando me toquei disso cheguei a pensar que minha sacada não havia sido tão grandiosa quanto parecia; depois de pensar mais um pouco percebi meu feliz engano.

    Vejam, o fato de algo como o facebook, por exemplo, surgir do nada e "abocanhar" grande parte dos internautas do mundo a ponto de muitos acharem que sua vida estaria muito pior sem ele, traz uma ideia importante que todos deveríamos ter em mente: "MOVIMENTO" (calma, eu explico :-)

    Imaginem um átomo ele está em movimento constante, pode estar em uma molécula que também se move, essa molécula tá no planeta que não pára, o planeta tá no sistema solar que tá na galáxia e esta em um conglomerado de galáxias; todo mundo se mexendo o tempo todo, parar significa morrer; tudo tem de ser parte de um ciclo.
    Pensem na tragédia que seria para a humanidade se descobríssemos tudo o que há para descobrir, nós pararíamos, morreríamos. Há a necessidade de um mistério para que o homem tenha um ponto desconhecido no horizonte para o qual rumar. Vejam esse poema de Drummond:

“O homem; as viagens”

Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto – é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a col-onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

    Percebam que a busca só continua enquanto houverem fronteiras a serem rompidas, o universo sempre as terá e a busca sempre continuará. Atualmente as fronteiras têm rompido-se com rapidez, que velharia é um "pesado" disquete perto de um cartão de memória com 32Gb menores que a unha de um dedo mindinho.
    Por isso pense bem antes de gastar a vida buscando coisas que pouco valerão logo logo; a exceção de hoje é a regra de amanhã e não tardará a tornar-se exceção novamente com o aspecto minguado do império que decai após sua era de ouro.

    Se tiver de escolher entre comprar um tênis ultra mega power plus e fazer um curso de alguma coisa, escolha o curso; pudesse eu dar um conselho, seria esse: privilegie as coisas duradouras. Você está fadado a carregar todo o conhecimento que adquiriu sempre; o conhecimento não ocupa lugar, é uma árvore a qual, uma vez dando frutos, não mais pára, é o símbolo do movimento.

    Assim como no poema gostaria de ressaltar que o conhecimento mais importante parece ser o de si mesmo, descobrir os erros, defeitos, tentar corrigí-los; vejam como temos terreno para explorar, colonizar, humanizar, civilizar. Existem tantos planetas diferentes dentro de nós quanto no espaço; a humanidade, parece, descobrirá isso quando tiver feito o caminho mais comprido, quererá descobrir o espaço primeiro.

    Quem investe em coisas "vivas", coisas que se expandirão (xD), tem a chance de ficar acima das regras e exceções impostas pela sociedade; eis onde eu queria chegar.

Até mais!


----------------------------------

obs.
Me veio à mente a parábola dos talentos, que cai como uma luva no caso; não enterre seu talento!:

*talento, se não me engano, era uma medida de peso nos tempos bíblicos, acredito que usada para ouro nesse caso. (coincidência (boa) que talento em português significa talento rsrs)

( Evangelho de Mateus cap. 25 vers. 14-29 )  
14- Pois será como um homem que, ausentando-se  do país,
      chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15- A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro ,um a
      cada um segundo a sua própria capacidade; e, então,
      partiu.
16- O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar
      com eles e ganhou outros cinco.
17- do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18- Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu
     o dinheiro do seu senhor.
19- Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e
      ajustou contas com eles,
20- Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou
      outros cinco, dizendo : Senhor , confiaste-me cinco talentos ;
      eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no
      pouco , sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor .
22- E, aproximando-se também o que recebera dois talentos ; disse :
      Senhor, dois talentos me confiaste ; aqui tens outros dois    que
      Ganhei .
23- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no
      pouco, sobre o muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.
24- Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse : Senhor ,
      sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste  e
     ajuntas onde não espalhaste,
25-receoso, escondi na terra o teu talento; aqui o que é teu .
26-Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias
     que ceifo onde não semeei e ajunto onde espalhei ?
27- Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros;
      e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28- Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.
29- Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao
      que não tem, até o que  tem lhe será tirado.
30- E o servo inútil,lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e
      ranger de dentes.



 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Filmes que valem a pena V

    Aqui vai a quinta edição desse "quadro" do blog que não é mexido desde tempos imemoráveis hehe

    Trata-se do filme "O Julgamento do Diabo", filme meio antigo mas simplesmente muito bom! Quando terminei de ver fiquei uns minutos paralisado, provavelmente você que lê agora já teve essa sensação; quando ficamos reflexivos após perceber alguma coisa ou tomar um "choque de realidade".


    Bom, essa sensação, não sei descrevê-la como alegre ou triste, é algo único, um aprendizado. O filme é sobre um escritor fracassado (Alec Baldwin), o qual, ao chegar no fundo do poço (imaginem um cara fracassado, que só se dá mal), faz uma espécie de pacto com o diabo; não se assustem, confiem em mim ;)


    Muda um pouco a noção daquele que assiste acerca do quê realmente vale a pena na vida, de como sacrificamos o que temos de importante em prol de ilusões, e o pior é que só descobrimos que as ilusões foram meras ilusões quando a "vaca já foi para o brejo"
    Em inglês o nome do filme é "shortcut to happiness", "atalho para a felicidade", revela bem o que as pessoas querem e a falácia que é tudo isso (me veio inspiração para um novo post agora, amanhã ou depois coloco aqui \o/)


O Julgamento do Diabo


Título original: (Shortcut to Happiness)
Lançamento: 2007 (EUA)
Direção: Alec Baldwin
Duração: 105 min
Gênero: Drama


Sinopse

Nova York. Jabez Stone (Alec Baldwin) é um escritor desesperado, que faz um acordo com o diabo (Jennifer Love Hewitt) no qual cede sua alma em troca de se tornar um conceituado autor de best-sellers. Durante 10 anos Jabez pôde saborear uma carreira de sucesso, mas a proximidade cada vez maior de cumprir sua parte no acordo o amedronta. Jabez decide então procurar Daniel Webster (Anthony Hopkins), advogado e chefe de uma poderosa editora, para que o retire do acordo firmado. Daniel aceita o desafio, tendo que enfrentar o diabo em uma batalha jurídica na Corte do Inferno.

Trailer (só achei em inglês -.-)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Aos Confins do Império!

    Bom, depois de certo tempo, é muito bom escrever aqui novamente, confesso que muitas ideias vieram e passaram por mim sem que eu as dividisse, me arrependo sinceramente de não ter tido o tempo ou a vontade necessária para imortalizá-las nesta pouco mas bem frequentada página.

*       *       *

    Agora vou para o foco do dia; muitas vezes já pensei em chegar no topo. Muitas vezes também já achei que pensar assim era bobagem, e que talvez o melhor seria eu chegar em uma situação confortável na qual eu pudesse desenvolver diversas habilidades, música, arte..sem ser escravo do trabalho ou de outro senhor.
  
    Comecei a pensar nas pessoas que conseguiram sucesso no que fazem, percebi algumas coisas que elas têm em comum:
I - Souberam esperar sua hora pacientemente
II - Procuravam ser as melhores enquanto ainda não eram

coisas óbvias? nem tanto..

    Há tempos venho tendo uma percepção que me permitiu crescer muito "no mundo" por assim dizer; crescer em termos de trabalho, estudo e etcs..notei que o mundo não te cobra grandes coisas, ele não te cobra a genialidade. O que o mundo cobra é que você seja melhor que os outros, isso não se revela muito difícil em algumas oportunidades.
    A humanidade parece caminhar na zona do comodismo e em busca do dia em que poderá ficar no ócio, dificilmente alguém faz mais do que o necessário. Ultimamente tenho visto muito isso em repartições públicas nas quais vou em decorrência de meu estágio num escritório de advocacia; obviamente existem muitas exceções, todavia o fato é que muitos funcionários te encaram como se você os estivesse forçando a fazer algo que não querem fazer nem a pau (trabalhar)

    O negócio é que se somente nos movermos por algumas das brechas que as pessoas deixam, estudar quando ninguém está afim, fazer o trabalho que ninguém fez ou ir ao evento que ninguém quis ir..existem muitas possibilidades. Essa atitude proativa, quando regularmente repetida em vários campos da vida, transforma o seu executor em alguém mais sábio.
    Com o tempo coisas que você nem imaginou que poderia saber começam a vir em sua cabeça, você começa a ter a capacidade de falar sobre quase qualquer assunto com algum conhecimento de causa e distinguir as coisas e pessoas, desde as boas às ciladas.

    Entretanto, quando essa capacidade começa a dar os seus primeiros sinais, consegue-se também uma grande responsabilidade (citando Tio Ben, do Homem-Aranha xD). Você começa a sentir que algumas companhias ou lugares são cilada porém mesmo assim insiste neles, seja por conveniência momentânea ou ocasião social.
    Começa a se desenvolver um certo faro para o negócio, um faro, ao que parece, que as pessoas de sucesso seguem e chegam lá. Temos o hábito errado de pensar que "os grandes" são predestinados que sempre exalaram um pouco de grandeza; mesmo sabendo que a maioria veio "de baixo" temos o foco muito no presente; qual é, o cidadão é um ser humano também e outros podem chegar lá, vide "O meu guri" de Chico Buarque

    Às vezes penso que alguns aspectos de minha vida não deveriam ser como são, que eu poderia evitar algumas coisas, então percebo que os problemas se repetirão sempre se não resolvermos, até criei uma espécie de ditado o qual tenho repetido muito ultimamente

    "Se você quer mandar nos confins do império, tem de mandar em Roma primeiro." * Victor Rorato (:

    De todas as pessoas que considero experientes e sábias ouço o mesmo conselho "comece cedo" muitas vezes o único arrependimento destas pessoas grandiosas as quais hoje vejo como exemplo é o fato de não terem começado a agir antes ou assim que puderam. "O tempo não pára"

    Imagine que você tivesse poupado R$ 50 por mês desde que adquiriu a capacidade de ganhar essa quantia de alguma forma..o que você poupou parece pouco, mas daqui um tempo vai virar algo grande e as pessoas vão olhar e pensar que você teve alguma facilidade ou sorte para ter chegado àquele ponto, quando na verdade só fez o "feijão com arroz".
    Agora troque os 50 reais por alguma habilidade que você queira ter..eis o pulo do gato

Mandar em Roma, na verdade, é a capacidade de poupar os "50 pila",
poucos a tem
poucos mandam em Roma
poucos chegam aos confins do império


    Por hoje é isso,
         Até mais!!

-----------




*Roma que começou como um reduto de ladrões e tornou-se o maior império do mundo tempos depois; as coisas evoluem, mas não evoluem sozinhas.
    Será que você que lê ainda está naquele reduto de ladrões e salteadores ou já progride na construção do império? Qual é a escolha mais inteligente?

obs. Lembrei agora da história da Marina Silva, a mulher cresceu no Acre e aprendeu a ler com 16 anos; alguém apostaria nela? pois é..virou porta-voz de uma causa nobre, intelectual respeitada no país e candidata a presidente com milhões de votos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estamos presos?

    Estava vendo o filme "Nosso Lar" esses dias e depois cheguei a algumas conclusões. Imaginem que aquilo esteja certo, que encarnamos aqui na terra, vivemos, morremos e encarnamos de novo.
    No filme havia um purgatório para as pessoas que se degeneraram e "Nosso Lar" para aqueles "do bem", pessoas aptas a serem mais "de luz" do que as que pagam seus karmas no purgatório; contudo não quero entrar no mérito disso, uma vez que suscita credos diferentes e específicos os quais não serviriam aos objetivos que tenho com esse post.

    Quero me fixar na história da reencarnação; este post pode até ser um repeteco de algum outro feito no passado, pois me recordo já ter escrito acerca disso aqui no blog. Todavia, como ninguém banha-se duas vezes no mesmo rio estou aqui para versar acerca do assunto com um pouco mais de experiência de vida, de pensamento, filosofia (viagens xD).
    Não que minha experiência seja considerável, mas tento aprender com o que me vem pela frente e escutar os bons conselhos dos outros, isso já me livrou de várias ciladas. Vamos, portanto, ao mérito da questão:

    Imagine que você morreu e reencarnou. Você, trabalhador honesto, lutou a vida inteira para comprar sua casa própria, se aposentar bem e sustentar dignamente uma família com mulher e filhos (não interpretem minha concepção como machista ou tradicionalista, estou usando um conceito conhecido no direito como "homem médio" o qual, aliás, aprendi ontem ^^). Esse homem médio morreu e reencarnou no ponto onde parou, com os mesmos objetivos e agora vive novamente.

    O que acham que ele deveria fazer de diferente para melhorar sua situação de alguma forma? Piorar sabemos que é fácil, é sempre mais fácil descer a ladeira..mas e subir, o que ele pode fazer para vir melhor na outra vida e assim sucessivamente até ter a potestade de compreender a vida, sim, pois imagine que objetivo teríamos nós senão esse; a única maneira de traçar um norte, concluí, após muito filosofar.

    Se vivermos normalmente, facilmente cairíamos na tentação demonstrada no Fausto de Goethe "de que adianta o eterno criar se a criação em nada adiantar?" Creiamos que a criação adianta de alguma coisa e busquemos compreender, mas como? como podemos alcançar alguma coisa prática, palpável?

    Uma das grandes conclusões que tive (acredito que muitos já a tiveram) está resumida neste "haicai", uma forma de poesia minimalista que busca passar grandes ideias com poucas palavras, fazer a pessoa pensar e tirar uma conclusão digna, muitas vezes, dos épicos. Aqui o primeiro haicai meu:

Flores Imortais

Findamos na morte?
Dizem haver outra vida...
Tempo não existe.

    Vejam que coisa interessante (como diz um Profº meu de voz engraçada) Chico Buarque estava certo "a vida é uma grande ilusão", se a reencarnação estiver correta, simplesmente não há morte, há sim almas de força e virtudes questionáveis as quais persistem nos mesmos erros vida a vida e não conseguem libertar-se desse círculo vicioso chamado por doutrinas orientais de "a roda de samsara"

terça-feira, 5 de abril de 2011

Por que ir à missa?

    Após um tempo sem tempo para postar, cá estou novamente! (não que o tempo tenha aumentado, sim que a preguiça por ora perdeu um pouco de seu território)(:

    Sempre critiquei, inclusive em alguns posts anteriores que fiz, o fato da religião aliar a salvação ao fato de ir à missa. Defendia eu que a pessoa não necessita respirar o ar da igreja para encontrar a Deus, algo para mim um tanto óbvio.
    Minha posição no geral não se modificou, diria que se flexibilizou; percebi, depois de pensar um pouco sobre isso nos últimos dias, que embora não haja obrigatoriedade em ir à missa para encontrar Deus, esta facilita a concentração em um objetivo, a introspecção.

    Como escrevi no post "E se for verdade?", pode existir uma espécie de frequência diferente quando muitas pessoas se reúnem em prol de um mesmo objetivo; há grande diferença, por exemplo, em ficar no fundo da igreja (onde há menos gente e onde as pessoas que vão com intenção de sair o quanto antes geralmente ficam) e perto do celebrante (padre, pastor, rabino, monge, etc), lugar onde ficam as pessoas que realmente querem estar ali, pessoas que põe força na oração e assim concentram-se mais e melhor, aqueles que de fato creem na eficácia daquilo que professam tendem a ir para a frente.

    É de comum acordo entre os especialistas que quando se faz uma coisa, ela tende a ser repetida. Nossas glândulas liberam diferentes hormônios para diferentes emoções, as células têm receptores para esses hormônios, quando liberamos muito um hormônio, saturamos esses receptores e a célula "gera" novos. Ao se reproduzir essa célula perpetua-se em duas já com mais receptores para tal emoção. Com mais receptores, mais hormônio é necessário para gerar a mesma emoção; como com uma droga, ficamos viciados no referido hormônio, na referida emoção. (pode ser visto no longa "Quem somos nós?", versão em inglês "What the bleep do we know?")
    Esta breve explicação mostra porque tendemos a repetir coisas que já tenhamos feito, emoções que já tenhamos tido. (cada ação nossa gera uma emoção e ativa o respectivo hormônio)

    Para conectar essa história dos hormônios com a história da missa, vou fazer uso de um raciocínio já exposto aqui em posts passados, imaginem por que precisamos de disciplinas e universidades para aprender; é porque, apesar de existirem livros os quais explicam a matéria minuciosamente, a maioria de nós não tem disciplina para estudá-los metodicamente e precisamos, portanto, de algo ou alguém que nos leve a ter disciplina. Com o tempo, depois de estudar muito a coisa, aprendemos; ou seja, depois da repetição o negócio se consolida.
    Pois então, na história da missa, ao contrair o hábito e transformá-lo em costume, conquistamos a disciplina de orar e conceber as demais prerrogativas da religião seguida. Naquela hora, de tanto em tanto tempo, nos voltaremos ao numinoso. (bom termo para uma pesquisa rápida)
    Podemos contrair essa disciplina sozinhos, mas no que genericamente defini como "a missa" o processo ocorreria mais fácil, ao ver isso, flexibilizei minha opinião inicial e radical, o que de quebra é mais um dado para minha estatística interna a qual mostra o radicalismo como quase sempre errado.

    Para fechar no tema central do post, uso uma comparação até que esdrúxula; é como jogar bola; se você joga sozinho, tem chances de ser um craque, todavia é mais difícil. Se joga junto com um time, o processo além de ficar, para muitos, mais agradável, melhora a prática. Isso não se aplica somente a alguns exemplos mas a tudo o que se faz. Quer otimizar-se em algo? Procure seu time!

That's all folks!

domingo, 20 de março de 2011

Livros que valem a pena VI

    Depois de muito mas muito tempo mesmo, volto a indicar livros aqui; deveria ter continuado, pois é muito bom ter espaço para compartilhar críticas positivas a boas leituras. Retorno com um livro que escolhi à minha moda, cheguei certa feita na BPSC(Biblioteca Pública de Santa Catarina) e fui andando pelas prateleiras, mexendo em algo aqui, outra coisa ali até que em um insight peguei um livro e falei: "é esse!".

    O interessante é que esses livros escolhidos na louca com um quê intuitivo frequentemente figuram entre os melhores que já li e não foi diferente com esse o qual hoje indicarei: "Os Crimes do Mosaico".

    Trata-se de uma obra por um autor italiano, Giulio Leoni, o que, sinceramente é difícil de achar desde Umberto Eco; nossas bibliotecas quase nada têm de autores italianos e de outras nacionalidades que antes figuravam como celeiros literários..eis uma crítica ao sucateamento das bibliotecas brasileiras, quem quer algo a mais tem de ir além, tem de pôr a mão no bolso..se é que tem condições para isso.

    Esse livro é daqueles que, se você tiver um dia sem nada para fazer e começar a lê-lo de manhã, sem sacrifício vai até o fim do dia lendo. Ele cria um suspense inicial tendo um macabro assassinato por pano de fundo e prossegue utilizando-se de uma reconstituição do poeta Dante Alighieri e pitadas de conhecimentos químicos, de astrologia, astronomia e outras ciências dos membros do "terceiro céu". Não contarei mais para não estragar, mas digo que o final é inesperado e está à altura da leitura, um leitor mais atento perceberá detalhes intrísecos no decorrer da obra e tem mínima chance de decifrar o que acontecerá, leiam e comprovem por si mesmos!


  • Numa noite de 1300, aos pés de um gigantesco mosaico inacabado, um homem é assassinado de maneira pavorosa. Cabe a Dante Alighieri, há poucas horas nomeado prior de Florença, a tarefa de desvendar o crime, penetrando na realidade obscura e perigosa que se esconde por baixo do mundo iluminado da capital da arte e da cultura. O autor de A Divina Comédia aparece aqui em carne e osso, poderoso, amargo e genial. Ai de quem ousar interpor-se entre ele e a verdade, mesmo que seja um enviado de Bonifácio, o papa a caminho do poder absoluto
  • Editora: Planeta do Brasil
  •  
  • Autor: GIULIO LEONI
  •  
  • Ano: 2006
  •  
  • Número de páginas: 381
  •  
  • Acabamento: Brochura
  •  
  • Formato: Médio

sexta-feira, 18 de março de 2011

E se for verdade?

    Depois de dias atarefados, volto a escrever aqui..ironicamente no dia mais corrido entre os últimos. Como conclui em um post aí para trás, nossas debilidades nos fazem pegar somente "no tranco" de modo que dificilmente colocamos nossos planos em prática quando com tempo livre, contudo assim que a obrigação bate à porta recebemos "uma injeção de energia" e quando isso acontece, imaginamos com assombro o que poderíamos fazer se tivéssemos o dia livre..vem a famosa sensação de "era feliz e não sabia" quando tinha tempo para as "minhas coisas"...isso, pelo menos para mim, é verdade; maior prova disso é que estou agora escrevendo depois de ir à aula de manhã, trabalhar de tarde e me preparar para ir à aula novamente agora à noite...a vida é contraditória..as pessoas são contraditórias, quando alguém não é, acontece o que me referi em meu post "coerência".

    Bom, passados os devaneios iniciais vamos ao post em si \o/
__________________________________________

    Muitos de nós já ouvimos falar de coisas como a aura, energias positivas, negativas, lei da atração(o segredo) e outras coisas que a maioria de nós não consegue enxergar sensorialmente. Apesar de não enxergarmos, muitas fontes dos mais variados lugares confirmam a existência dessas energias, e se isso for verdade?

    Muitos dos que tentam dar uma ideia geral de como seriam as ditas energias, usam como exemplo as ondas de rádio ou outra inivisível(sinal de celular, controle da tv, micro-ondas, etc); elas estão aí, comprovadas cientificamente, não as vemos e muitas delas também não sentimos, entretanto elas estão lá!

    Certa feita estava eu vasculhando os armários lá de casa, sempre encontro coisas estranhas(boas e ruins) vasculhando nos guardados. Então achei uma obra chamada "Magnetismo pessoal" a qual até indiquei aqui muito tempo atrás; nessa obra, antes de ir ao tema central o autor, Heitor Durville, faz uma breve explanação acerca da "composição das coisas".
  
    Devo dizer que volta e meia a introdução ou o prólogo de algum livro têm conclusões tão importantes quanto ou mais importantes que o próprio tema central do livro, isso aconteceu com René Descartes, o qual, no começo de um tratado matemático destilou teses filosóficas que hoje são o cerne de um sem número de estudos pelo mundo.. "Penso, logo existo".

    Após esse parêntese continuarei minha história, vou contar o que entendi ao juntar o que estava nas primeiras páginas do dito livro com o que eu tinha em mente no momento. Farei a exposição com afirmações apesar das coisas que aqui escrevi não terem plena comprovação científica, ou pelo menos não que foi revelada ao grande público.

    Imaginem um átomo, como se fosse um sistema solar, com o núcleo denso e minúsculo ao meio, os elétrons girando em volta providos de massa desprezível. Pois bem, aos que não sabem disso, é ponto pacífico que o núcleo do átomo tem massa superconcentrada em muito pouco espaço, sendo que 99,99..% da massa do átomo é o núcleo; cada elétron pesa 1836 vezes menos que um próton(uma partícula presente no núcleo)..como descobriram isso?não sei.
    O núcleo é tão concentrado que a distância que separa ele do primeiro elétron que gira a seu redor é infinitamente maior que o seu tamanho(do núcleo), além disso, a distância que separa um átomo do outro é infinitamente maior que o tamanho do átomo(alguma semelhança com os anos-luz que nos separam de outros sistemas?) e quando os átomos formam moléculas, a distância que separa uma molécula da outra é infinitamente maior ao tamanho da molécula (qualquer coisa leiam two times para entender bem). Por isso Rutherford, o químico que descobriu algumas das coisas as quais acabei de dizer, disse após descobrir: "O átomo é um imenso vazio", no final das contas quase nada existe fisicamente, somos um nada no meio do nada.

    A novidade é que no livro "Magnetismo Pessoal" o autor fala que, segundo experiências tidas por civilizações antigas e grandes sábios, constatou-se que nos espaços vazios averiguados pela química moderna, encontram-se partículas etéricas que quando juntas em certo número formam elétrons, essas partículas se movem em correntes e são diversas, segundo ele essas partículas são o pensamento; o pensamento então condicionaria cada átomo de forma tal a obedecê-lo, como uma corrente que flui por todos os lugares sem obstáculo, um remédio homeopático que cura ou adoece..façam pequenos testes com o pensamento e se surpreenderão com o que acontece..coisas do tipo "hoje, assim que eu chegar no ponto o ônibus passará"..muitos usam para conseguir vaga no estacionamento no dia seguinte..obviamente não conseguimos mudar as coisas na hora, mas depois de algum tempo elas se ajustam de maneira a tornar realidade o pensamento compenetrado antes tido (será que alguns conseguem mudar as coisas na hora?milagres?como chegaram lá?).
    A longo prazo esse hábito se revela de grande ajuda e como todas as coisas incríveis de que o ser humano é capaz, depois de tornar-se comum, perde o brilho, é banalizado. Eis o porquê de muitos filósofos contemporâneos famosos como Jostein Gaarden, Deepak Chopra ou o Próprio Tenzin Gyatso(Dalai Lama) destacarem que temos de recuperar a capacidade de assombro perdida da infância, voltar a ser crianças nesse sentido, no de valorizar os prodígios verdadeiramente milagrosos observados no mundo.

That's it!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Dos bebês às guerras

    Todo mundo já deve ter ouvido que "violência gera violência", pensando um pouco agora imaginei que quando nasce uma criança, ela vem "zerada" (hehe), acredito eu que algumas coisas podem ser previstas, acredito em coisas sobrenaturais; porém quero falar em um sentido mais convencional.
    A criança é uma tela em branco na qual pode ser pintada uma figura harmônica e pura ou uma "Guernica". Pesquisas mostram que quando, com poucos meses de vida, a criança percebe que se chorar terá o que quer, começa a fazer pequenas chantagens com um choro artificial mais conhecido como "manha". Quando esse mesmo bebê percebe que com um movimento mais brusco em relação a algo faz com que o "algo" seja tirado de perto também começa a usar e abusar desse expediente..nada mais natural.

    Nesse post quero destacar(a la Cristovam Buarque) a importância da educação; grande responsável por perpetuar nossos vícios(muito mais esses) e virtudes para o futuro. Certa vez um professor meu fez um comparativo interessante, dizia ele que quanto mais rigorosas as leis penais, menos desenvolvido era considerado o país. No Afeganistão, por exemplo, se você rouba, sua mão é cortada fora para servir de exemplo; já na Suécia, você é conduzido a um psicólogo, buscam entender o porquê de você ter feito aquilo..quem sabe até te deem um emprego para reabilitação.
    A criança sueca, como a afegã, vem "zerada"; ambas são educadas conforme a situação atual de seus países e tendem a perpetuá-la, todavia, assim como nenhuma pintura é igual à outra, nenhum ser humano o é; por isso o mundo se modifica a cada momento.

Primeiro pensei que se simplesmente mudassem as leis do Afeganistão a situação melhoraria, contudo depois percebi que eles tem aquelas leis porque são as leis que podem ter, outras difilcilmente dariam certo. O povo não está preparado para uma mudança brusca; mas e uma mudança lenta?
    Diria que uma mudança lenta é impensável nessa situação, a região é instável politicamente..se você fosse um ditador num país em guerra, pensaria mais em garantir que estará vivo amanhã do que em melhorar a qualidade de vida do povo..projetos de médio-longo prazo não são uma alternativa e isso se vê na educação.
   Essa realidade pode ser vista no livro "A Outra Face", um livro curto mas profundo que conta exatamente o que acontece com a educação num país de terceiro mundo que entra em guerra e depois ditadura..as escolas fecham, os intelectuais são perseguidos e assim vai...

    Voltemos à Suécia, dá até uma sensação boa rsrs, a suécia vive há algumas décadas tempos de paz, de lá saem atletas, intelectuais, o sueco pode seguir praticamente qualquer ofício não que outros não possam (inclusive a mais nova campanha publicitária do governo Dilma prega que a hoje criança brasileira poderá escolher seu futuro sem ser obrigada a seguir por tal ou qual caminho pela necessidade). Aqui ponho um trecho da obra "Leviatã" de Thomas Hobbes(1588-1679), uma das obras na qual se baseia nosso direito atual; aqui ele versa sobre o estado de guerra:

    "A existência do temor da morte violenta, bem como a ausência de espaço para as faculdades inventivas – as navegações, o cultivo da terra, etc. Além disso, não haverá nenhuma lei até que os homens designem alguém para promulgá-la. Mas, acima disso, deve-se considerar que, nessa condição, inexistem noções de justiça ou injustiça; bem ou mal; meu ou teu; propriedade ou domínio – apenas pertence ao homem aquilo que ele obtém e conserva –; ou seja, é um estado miserável."

    Quero concluir dizendo que o melhor modo de resolver a situação difícil pela qual passam centenas de milhões de pessoas no mundo e achar um caminho para fazer florescer a paz, onde, ao contrário da guerra ter-se-ia espaço para "as faculdades inventivas - as navegações, o cultivo da terra, etc"..e a educação de qualidade; assim a utopia apareceria como uma possibilidade no horizonte.
    Muitos dizem que na guerra várias descobertas são feitas e dão de exemplo a segunda guerra mundial, não estão errados porém a guerra traz infelicidade e bem sabemos que nada vale o preço de ser infeliz, além disso as guerras nos países pobres nada trazem de avanços..só digo que o andar da carruagem não mudará enquanto as ações das empresas que produzem armas subirem mesmo na crise.

    Fico satisfeito em, depois de muito tempo escrever um post no qual viajei de um ponto a outro, agora me espanto em ver que comecei falando de bebês e terminei falando de guerra haha

Até a próxima!
 

   

terça-feira, 1 de março de 2011

Conhecimento: um peso nas costas de quem tem

    Hoje escrevo não para todos, mas para aqueles que ainda sustentam algum princípio interno, aqueles que insistem em ter certa coerência em suas ações nesse mundo no qual muitos carecem de escrúpulos; em resumo, falo àqueles que sentem um certo remordimento interno ao fazer algo errado.

    Nos tempos antigos o conhecimento tinha valor incalculável, aí a origem da máxima "conhecimento é poder". As pessoas temiam àqueles "homens estudados" que falavam bonito e governavam a muitos com sabedoria; isso passou à igreja e hoje ocorre o que vemos o tempo todo por aí: conhecimento em todos os lugares, porém sem interesse.
    Muito se diz por aí e também já escrevi coisas a respeito da inversão de valores dos tempos modernos, é possível vislumbrar universidades federais com cursos de concorrência menor que 1 por vaga e o povo nem aí. "A ignorância é uma bênção" diz outra máxima e lamentavelmente devo dizer que quase todos nós somos abençoados, sem querer falar muito por meio de outros mas já o fazendo, disse certa feita Nietzsche que a humanidade não suportaria saber da verdade, do que está por trás.
Descobrir-se-ia que tudo é uma ilusão e que fazemos papéis ridículos manipulados como fantoches por meia dúzia de pessoas. Isso no entanto é confortável, é muito bom ser cuidado por alguém quando não se sabe o que fazer com a liberdade (quanto a isso aconselho um documentário muito antigo e bom passado em quase todas as escolas: "Ilha das Flores").
    De vez em quando a meia dúzia da "diretoria" libera um iPhone ou algo do gênero, um novo entretenimento que mantenha àqueles que poderiam incomodar no futuro distraídos. Mas e os que escapam disso?
    Alguns que não assistem televisão, não jogam nem dão importância ao dinheiro e aos prazeres da vida? Estes muitas vezes, por inteligência, se isolam, outros deles por uma grandeza que desconhecemos tornam-se ainda mais imersos em nossa sociedade para tentar "salvar" a alguns. Como se dá esse salvamento? Com o conhecimento.

    Agora estou chegando onde quero. O conhecimento, porém, não salva a qualquer um, contudo pode salvar àqueles de quem falei no começo do post, aqueles que ao saberem que o cigarro faz mal, fazem de tudo até parar, que ao compreenderem estar fazendo errado praticam o certo sob pena de acertar contar consigo mesmo, sua consciência. Para estes o conhecimento é um peso muitas vezes insuportável, pois a cada passo que dão rumo ao esclarecimento descobrem que têm de mudar justamente naquele ponto crítico, "na ferida" como por aí se diz.
    Concluiria disso resumidamente que conhecimento sem virtude leva à bomba atômica, conhecimento com virtude leva à cura do câncer usando o mesmo material..a mesma diferença entre Hitler e Marie Curie sobre a qual ainda quero escrever algum dia(pesquisem sobre ela, vale a pena).

Não sei se viajei demais, todavia espero ter acrescentado algo para retirar de nós a acima referida "bênção" hehe
Até a próxima!
^^^^^^^^^^^ Related Posts with Thumbnails