quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tornar a verdade inacreditável

    Esses dias, em meio a minhas viagens, me deparei com uma frase que gerou grande impacto à primeira vista e ainda hoje me faz tomar algumas atitudes de superação. Trata-se de um dos chamados "aforismos de Napoleão", excertos do pensamento de Napoleão Bonaparte publicados no Brasil sob o nome de "Manual do Líder".

"o meio de ser acreditado é tornar a verdade inacreditável"

é a frase; por conta dela tenho sido impelido a trabalhar para que minha vida, em verdade, torne-se inacreditável; parece um tanto pretencioso, mas conforme expus alguns dias atrás, começar algo já é um grande passo.

    Expus também, que o fato de não terminar o que se começa retira quase toda a utilidade de ter começado; é talvez como se fosse criado um anexo à pessoa que somente a ajudará se for desenvolvido até certo ponto, caso contrário pode até atrapalhá-la na medida em que perde a capacidade de levar as coisas adiante.

    Assim, aquele que conclui seus empreendimentos consegue tornar a verdade inacreditável, consegue ser aquele cara que veio lá de baixo e triunfou, uma vez que a coisa mais fácil é ficar pelo caminho. 

    O mundo pune e premia em uma seleção natural; se você for comum (ou "normal", capitulando a ideia do post anterior), terá uma vida acreditável e, portanto, sempre terá de provar tudo o que faz, carecerá de firmeza, quem sabe obedeça em vez de ser obedecido; todavia isso são meras reflexões menos defensáveis do que a ideia central a qual quero expor.

    Voltando ao foco, devo dizer que a frase aparece como um jogo de palavras genial no qual o primeiro acreditar quer dizer confiar. Para que as pessoas confiem em alguém sem conhecê-lo a fundo é necessário que esse alguém dê provas do merecimento de tal confiança; esta prova, no caso, é a verdade inacreditável gerada.

    Antes da segunda guerra mundial, por exemplo, o partido nazista conseguiu uma recuperação incrível da economia alemã, então em severa crise. Visto que a economia, quando saudável, eleva consideravelmente o nível de vida da população e que à primeira vista os meios utilizados por Hitler só trouxeram benefícios, era como se ele tivesse operado um milagre.

    A verdade tornou-se inacreditável e Hitler foi acreditado pelo povo para fazer o que quisesse.

    Obviemente aqui não faço apologia ao que ele decidiu fazer com essa confiança, porém a questão foi que ele a obteve e somente conseguiu isso em decorrência de agir no plano concreto; a grande massa dificilmente segue fervorosamente ideias e somente ideias.

    Saindo do exemplo de Hitler e de qualquer outro que possa se encaixar no caso (o próprio Napoleão Bonaparte, que ascendeu após vitórias militares) e passando à realidade de nossas vidas, podemos dizer que é importantíssimo ter a confiança dos que nos rodeiam; mesmo se o objetivo final não for liderar e capitanear uma carreira meteórica.

    Desde uma entrevista de emprego até a apresentação de um trabalho ou papo de botequim, pode-se perceber um diferencial dos que põem em prática, que fazem, agem; a vida é feita de escolhas, é possível afirmar que muitos, até uma certa idade, têm uma vida passível de tornar a verdade inacreditável, depois, porém, se acomodam por ter chegado a um ponto confortável ou perdido qualquer perspectiva de melhora.

    Ora, fosse fácil chegar a tal ponto, muitos o fariam, conforme ouvi certa vez, que graça tem procurar se é fácil achar?

    Em minha curta experiência de vida, sugeriria que se buscasse um pouco do que Platão entendia como a educação ideal (exposta alguns posts atrás), em que o indivíduo conhecedor de línguas, música, matemática, esportes, oratória e talvez mais algumas habilidades seria o homem completo.

    Hoje em dia é realmente complicado ter tempo e dinheiro para dedicar-se tão somente ao aprendizado de novas habilidades e aprimoramento das antigas, no entanto aprender a tocar um instrumento musical e estudar uma nova língua pode ser um ótimo começo.

    Para finalizar, talvez seja uma fala do "capitão óbvio", contudo só se aprende a fazer algo fazendo; se quer se expressar melhor em público, por exemplo, deve romper a barreira que impede expressão frequente em público como um martelo rompe um vidro; ter a posse deste martelo que rompe as paredes erigidas por nós mesmos é a chave para tornar a verdade inacreditável e, ao fim, ser acreditado.

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